quarta-feira, 5 de junho de 2013

Alienados mentais espiritismo


Alienados mentais
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Antes de visitarmos as cavernas de sofrimento, Calderaro instou-me a fazer com ele rápida visita a grande instituto Consagrado ao recolhimento de alienados mentais, na Esfera da Crosta.
— Compreenderás, então, mais exatamente —explicou, generoso, dirigindo-se a mim com a delicadeza que lhe é peculiar — a tragédia dos homens desencarnados, em pleno desequilíbrio das sensações. Excetuados os casos puramente orgânicos, o louco é alguém que procurou forçar a libertação do aprendizado terrestre, por indisciplina ou ignorância. Temos neste domínio um gênero de suicídio habilmente dissimulado, a auto-eliminação da harmonia mental, pela inconformação da alma nos quadros de luta que a existência humana apresenta. Diante da dor, do obstáculo ou da morte, milhares de pessoas capitulam, entregando-se, sem resistência, à perturbação destruidora, que lhes abre, por fim, as portas do túmulo. A princípio, são meros descontentes e desesperados, que passam despercebidos mesmo àqueles que os acompanham de mais perto. Pouco a pouco, no entanto, transformam-se em doentes mentais de variadas gradações, de cura quase impossível, portadores que são de problemas inextricáveis e ingratos. Imperceptíveis frutos da desobediência começam por arruinar o patrimônio fisiológico que lhes foi confiado na Crosta da Terra, e acabam empobrecidos e infortunados. Aflitos e semimortos, são eles homens e mulheres que desde os círculos terrenos padecem, encovados em precipícios infernais, por se haverem rebelado aos desígnios divinos, preterindo-os, na escola benéfica da luta aperfeiçoadora, pelos caprichos insensatos.
Guardando carinhosamente a observação, acompanhei-o na excursão matinal ao grande estabelecimento, onde os mentecaptos eram em grande número.
No primeiro pátio que topamos, compacta era a quantidade de mulheres desequilibradas que palestravam.
Uma velha de cabelos nevados, mostrando acerba ferocidade no olhar, envergava o uniforme da casa, como quem arrastasse um vestido real, e dizia a duas companheiras apáticas:
— Na minha qualidade de marquesa, não tolero a intromissão de médicos inconscientes. Creio estar presa por motivos secretos de família, que averiguarei na primeira oportunidade. Tenho poderosos inimigos na Corte; contudo, as minhas amizades são mais prestigiosas e fiéis.
Baixou a voz, como receando espias ocultos, e falou ao ouvido de uma das irmãs de sofrimento:
— O Imperador está interessado em meu caso e punirá os culpados. Segregaram-me por miseraveis questões de dinheiro.
Elevando o diapasão, inesperadamente, bradou:
— Todos pagarão! Todos pagarão!
E continuava explicando-se com gestos de grande senhora.
Compungia-me observar a promiscuidade entre as enfermas encarnadas e as entidades infelizes, que ali se acotovelavam. Preso ainda ao meu antigo vezo de curiosidade, tentei estacar, a fim de ouvir a demente até ao fim, mas o Assistente deu-se pressa em considerar:
— Não nos detenhamos. Infelizmente, atraVessamos vasta galeria de padecimento expiatório, onde nossos recursos socorristas não ofereceriam vantagens imediatas. Aqui, quase todos os alienados são criaturas que abdicaram a realidade, atendo-se a circunstâncias do passado sem mais razão de ser. Essa desventurada irmã já possuiu titulos de nobreza em existência anterior; perpetrou clamorosas faltas, dando expansão às energias cegas do orgulho e da vaidade. Renascendo em aprendizado humilde para o reajustamento imprescindível, alarmou-se ante as primeiras provações mais rudes da correção benfeitora, reagiu contra os resultados da própria sementeira, entregou o invólucro físico ao curso de ocorrências nefastas; e, por fim, situou-se mentalmente em zonas mais baixas da personalidade, passando a residir, em pensamento, no pretérito de mentiras brilhantes. Agarrou-se, desesperada, às recordações da marquesa vaidosa de salões que já desapareceram, e perambula nos vales da demência em lastimáveis condições.
Não déramos muitos passos, encontramos novo ajuntamento, em que sobressaía curiosa dama, extremamente nervosa.
— Deus me livre de todos, Deus me livre de todos! — gritava, inquieta. — Não voltarei! nunca, nunca!...
Aproxima-se, cordata, a enfermeira, e pede:
— Senhora, mais calma! É seu marido que vem à visita. Vamos ao guarda-roupa.
E sorrindo:
— Não se sente feliz?
— Jamais! — bradava a demente com espantoso semblante de angústia. — Não quero vê-lo! odeio-o, odeio, com tudo o que lhe pertence!
tRepetindo expressões de desprezo, inteiriçou-se, caindo em lamentável crise de nervos, pelo que a auxiliar da enfermagem houve que requisitar socorro urgente.
Desejei reter-me, a fim de estudar a situação, mas o Assistente impediu-me, esclarecendo:
— Não percas tempo. Não remediarias o mal. Nossa passagem aqui é rápida. RecomendO apenas anotes o refúgio de todos os que se esquecem dos deveres presentes, pretendendo escapar aos imperativos da realidade educadOra.
Modificou a inflexão da voz e prosseguiu:
— Não asseguramos que todos os casos do hospício se relacionem exclusivamente com esse fator. Muita gente atravessa este paVorosO túnel, premida por exigências da prova retificadora; é, no entanto, forçoso reconhecer que a maioria encetoU o pungitivo drama em si mesma. São irmãos nossos, revoltados ante os desígnios superiores que os conduzirem a recapitular ensinamentos difíceis, qual o de se reaproximarem de velhos inimigos por intermédio de laços consangüíneos ou o de enfrentarem obstáculos aparentemente insuperáveis.
“Para que se efetue a jornada iluminativa do espírito é indispensável deslocar a mente, revolver as idéias, renovar as concepções e modificar, invariavelmente, para o bem maior o modo IntimO de ser, tal qual procedemoS com o solo na revivificação da lavoura produtiva OU com qualquer instituto humano em reestruturação para o progreSSO geral. NegandO-Se, porém, a alma a receber o auxilio divinO, através dos processos de transformação incessante que lhe são oferecidos, em seu benefício próprios pelas diferentes situações de que os dias se compõem no aprendizado carnal, recolhe-se á margem da estrada, criando paisagens perturbadoras com desejos injustificáveis.
Quase podemos afirmar que noventa em cem dos casos de loucura, excetuados aqueles que se originam da incursãO microbiana sobre a matéria cinzenta, começam nas conseqüências das faltas graves que praticamos, com a impaciência ou com a tristeza, isto é, por intermédio de atitudes mentais que imprimem deploráveis reflexos ao caminho daqueles que as acolhem e alimentam. instaladas essas forças desequilibrantes no campo íntimo, inicia-se a desintegração da harmonia mental: esta por vezes perdura, não só numa existência, mas em várias delas, até que o interessado se disponha, com fidelidade, a valer-se das bênçãos divinas que o aljofram, para restabelecer a tranqüilidade e a capacidade de renovação que lhe são inerentes à individualidade, em abençoado serviço evolutivo. Pela rebeldia, a alma responsável pode encaminhar-se para muitos crimes, a cujos resultados nefastos se cativa indefinidamente; e, pelo desânimo, é propensa a cair nos despenhadeiros da inércia, com fatal atraso nas edificações que lhe cabe providenciar.
Nesse ponto dos esclarecimentos, penetrávamos extensa varanda no departamento masculino e logo se nos deparou um homem que decerto se enquadrava entre os esquizofrênicos absolutos. Rodeavam-no algumas entidades de sombrio aspecto. Semelhava-se o doente a perfeito autômato, sob o guante de tais companheiros. Exibia gestos maquinais, e, ao guarda que se aproximava, cauteloso, explicou em tom muito sério:
— Venha, “seus João. Não tenha receio. Ontem eu era o “leão”, mas hoje, sabe o senhor o que eu sou?
Ante o enfermeiro hesitante, concluiu:
— Hoje sou a “bananeira”.
Encontraria, eu, sem dúvida, no caso, excelente ensejo de enriquecer experiências, porqüanto de pronto reconhecera a entrosagem completa entre a vitima e os obsessores que lhe eram invisíveis. O desditoso era rematado fantoche nas mãos dos algozes tipicamente perversos.
Calderaro, porém, não me permitiu interromper a marcha.
— O processo de desequilíbrio está consumado — informou —, e não encontrarias possibilidade de recompor-lhe, em serviçO rápido, as energias mentais centralizadas na região inferior. O infeliz vem sendo objeto de práticas hipnóticas de implacáveis perseguidores; acha-se exposto a emissões contínuas de forças que o deprimem e enlouquecem.
— Céus! — exclamei, aparvalhado — como socorrê-lo?
— Trata-se de um homem — acrescentou o orientador — que em encarnações anteriores abusou do magnetismo pessoal.
Não pude sopitar a objeção que me nasceu espontânea:
— Como? as ciências magnéticas são de ontem...
Calderaro estampou no olhar a condescendência que lhe é característica e retorquiu:
— Acreditas que teriam sido iniciadas com Mesmer?
E, sorridente, ajuntou:
— Se consideráramos o sentido literal do texto, o abuso de magnetiSmo pessoal teria começado com Eva, no paraíso...
Indicou o enfermo e prossegUiU:
— Em pretérito não muito remoto, nosso imprevidente amigo se excedeu em seu potencial de fascínio, desviando-o para aventuras menos dignas. Várias mulheres que lhe sofreram a ação corrosiva, assestaram contra ele incessantes explosões de ódio doentio e corruptor, extravasamentos que o pobre companheiro merecia em conseqüência da atividade condenável a que se dedicou por muitos anos. Minado pela reação persisttente, minguou-lhe o cabedal de resistência; converteu-se, destarte, em joguete das forças destrutivas, às quais, a bem dizer, voluntariamente se unira, ao abraçar, entusiasta, a declarada prática do mal. Até quando se demorará em tal atitude, não será possível prever. Geralmente, ao delinqüirmos, podemos precisar o instante exato de nossa penetração na desarmonia; jamais sabemos, porém, quando soará o momento de abandoná-la. No retorno à estrada reta, através de atoleiros em que chafurdamos, por indiferença e má fé, não podemos prefixar calendários para a volta: implicamo-nos em jogos circunstanciais, de que só nos despeamos após doloroso reajustamento...
Observando-me a admiração, ante a experiência hipnótica que os frios verdugos levavam a efeito, o Assistente considerou:
— Não te impressiones. A morte física não modifica de súbito as inteligências votadas ao mal, nem o duelo da luz com a sombra se adstringe aos estreitos círculos carnais.
Logo após, éramos surpreendidos por dois velhinhos atoleimados, a pronunciar frases desconexas.
— O tempo — elucidou o orientador, indicando-os — acaba sempre por denunciar a nossa posição verdadeira. Quando a criatura não haja feito da existência o sacerdócio de trabalho construtivo, que nos cumpre na Terra, os fenômenos senis do corpo são mais tristes para a alma, pois, neste caso, o indivíduo já não domina as conveniências forjadas pelo imediatismo humano, patenteando-se-lhe a fixação da mente nos impulsos inferiores. Milhões de irmãos nossos permanecem, séculos afora, na fase infantil do entendimento, por não se animarem ao esforço de melhoria própria. Enquanto recebem a transitória cooperação de saúde física relativa, das convenções terrenas, das possibilidades financeiras e das variadas impressões passageiras que a existência na Crosta Planetária oferece aos que passam pela carne, esteiam-se nos títulos de cidadãos que a sociedade lhes confere; logo, porém, que visitados pelo morbo, pela escassez de recursos ou pela decrepitude, revelam a infância espiritual em que jazem: voltam a ser crianças, não obstante a idade provecta manifestada pelo veículo de ossos, por se haverem excessivamente demorado nos sítios superficiais da vida.
A exposição não podia ser mais lógica; todavia, examinando aquele vasto ambiente, onde tantos loucos de ambos os sexos modorravam distantes do realismo do mundo, sem a mais leve perspectiva de desencarnação próxima, pensei nas criaturas que já renascem imperfeitas e perturbadas; nas crianças atrasadas e nos moços em luta com a demência juvenil; nas fobias sem número que amofinam pessoas respeitáveis e prestativas, e solicitei, então, do instrutor esclarecimentos sobre os quadros de sofrimento desse jaez, que de improviso assaltam os ambientes domésticos mais distintos.
O Assistente não se surpreendeu, e observou:
— Estudamos aqui, André, a messe das sementeiras, assim do presente, como do passado. Ponderamos não só a aprendizagem de uma existência efêmera, mas também a romagem da alma nos caminhos infinitos da vida, da vida imperecível que segue sempre, vencendo as imposições e as injunções da forma, purificando-se e santificando-se cada dia. Verificarás, conosco, afligente quadro de padecimentos espirituais, e é provável que apreendas, num hospício humano, algo dos desequilíbrios que afetam a mente desviada das Leis Universais. Em verdade, na alienação mental começa a «descida da alma às zonas inferiores da morte». Através do manicômio é possível entender, de certo modo, a loucura dos homens e das mulheres que, aparentemente equilibrados no campo social da Crosta Terrestre, onde permutam os eternos valores divinos por satisfações ilusórias imediatas, são relegados depois, além do sepulcro, a inominável desespero do sentimento. Quanto às perturbações que acompanham a alma no renascimento ou na infância do corpo, na juventude ou na senilidade, é mister reconhecer que o desequilíbrio começa na inobservância da Lei, como a expiação se inicia no crime. Adotada a conduta em desacordo com a realidade, encontra o espírito, invariavelmente, em todos os círculos onde se veja, os efeitos da própria ação. Seja nos mecanismos da hereditariedade fisiológica, seja fora de sua influência, a mente, encarnada ou não, revela-se na colheita do que haja semeado, no campo de evolução do esforço comum, no monte da elevação pela prática do sumo bem, ou no vale expiatório pelo exercício do mal.
O Assistente, que se dispunha a retirar-se, fitou-me demoradamente, e rematou:
- O louco, em geral, considerando-se não só o presente, senão até o passado longínquo, é alguém que aborreceu as bênçãos da experiência humana, preferindo segregar-se nos caprichos mentais; e a entidade espiritual atormentada após a morte é sempre alguém que deliberadamente fugiu às realidades da Vida e do Universo, criando regiões purgatórias para si mesmo.
Compreendeste?
Fixei o instrutor, reconhecidamente.
Sim, havia entendido. E, ponderando a lição da manhã, segui o orientador, que silente abandonava o campo de observação, a fim de mais tarde nos avistarmos com os benfeitores que visitariam as cavernas, em missão de amor e de paz.Assista o filme e vc vera um pouco do mundo espiritual!
 

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